“Não é necessário abdicar do lucro para implementar projetos socioambientais”, afirma diretor da Zebu
A empresa de design Zebu é um dos grandes exemplos de como combinar valor social com econômico e ambiental em uma empresa. Confira a segunda entrevista da Série ‘Sistema B’.
Em 2010, o projeto da Zebu surgiu com o objetivo de colocar produtos de design no mercado e tornar real o discurso sobre sustentabilidade que já vinha sendo utilizado pelo mercado publicitário. “Sabíamos que as empresas estavam se apropriando de maneira indevida das questões socioambientais. – Muito se falava e pouco se fazia. – E pensando nisso criamos as mídias sustentáveis: produtos adequados em forma e função às necessidades de projeto levando em consideração questões como uso de energia, consumo de água, origem de materiais, toxicidade e reciclabilidade.”, afirma Amon, sócio da Zebu.
A vontade de fazer a diferença e o bem para o planeta e sociedade, fez com que a Zebu se tornasse o perfil de uma empresa B, que tem o objetivo de gerar lucro de maneira sustentável e contribuir para um sistema que permita a permanência e continuidade da vida em termos sociais, ambientais, econômicos e culturais.
Projetos sustentáveis e o Sistema B
Nos últimos sete anos, a Zebu se consolidou no mercado como uma empresa de design que presta serviços para empresas nas áreas de Comunicação Visual e Projetos de Produto. A empresa trabalha tanto com microempresas/startups quanto com grandes empresas. “Criamos marcas; desenvolvemos estratégias e planos de comunicação; produzimos brindes, mobiliários, intervenções urbanas e até mesmo parklets – que são mobiliários urbanos desenvolvidos para ocupar vagas de carro nas ruas e oferecer um espaço de conveniência para o pedestre.”, segundo Amon. “Nosso objetivo é sempre melhorar o impacto socioambiental da Zebu levando em consideração uma abordagem sistêmica. Para conseguirmos implementar a mudança que queremos ver no mundo é preciso de rigidez quanto às crenças; flexibilidade quanto à forma de atuar e muita resiliência.”, conclui Amon.
A Papel Semente gosta de incentivar práticas sustentáveis e de meio ambiente, e nossos parceiros B também sabem tudo sobre isso. Confira o bate-papo da Papel Semente com a Zebu, sobre os desafios da sustentabilidade nos dias de hoje e como a questão de lucro nos dias atuais é subjetiva.
Você sente que as empresas brasileiras ainda não tem o costume de implementar projetos sustentáveis? Ou acredita que a sustentabilidade vem se tornando tendência no mundo corporativo também?
Entendo que o Brasil tem dificuldades que são anteriores e estão além da questão da sustentabilidade. Já não considero esse tópico uma tendência mas sim uma realidade. Todas as empresas que querem propor algo de relevante para o mundo precisam de um alinhamento profundo com questões socioambientais. Caso contrário elas estão estruturadas apenas com base no consumo. E, o consumo pelo consumo gera apenas desigualdade, concentração de riqueza, exaustão de recursos naturais, etc…
É preciso abdicar de lucro para fazer eventos/projetos sem danos ao meio ambiente? Ou é possível economizar ao buscar minimizar os impactos?
Não é necessário abdicar do lucro para implementar projetos socioambientais. A questão econômica torna-se sempre um ponto de discussão mas as pessoas não param para discutir sobre os mecanismos de valoração de um projeto/produto. Precisamos entender que existe um diferença clara entre valor e preço. Para trabalhar com sustentabilidade a empresa tem de olhar para o seu planejamento estratégico a longo prazo. Não só mirar retornos financeiros de curto prazo.
As empresas B são grandes exemplos tratando-se do assunto, pois geram lucro ao passo que impactam positivamente a sociedade e o meio ambiente. Empresas como a Patagônia, a Guayaki e a Ben&Jerry’s comprovam isso diariamente.
Pensando projetos de intervenção urbana da Zebu agora. Quais são os impactos positivos gerados para a população e também para o meio ambiente?
Os projetos de intervenção urbana da Zebu têm como principal objetivo melhorar o meio ambiente urbano.
Na Ekobé, feira aberta de sustentabilidade, os principais impactos gerados foram na área cultural e ambiental. Conseguimos engajar uma rede de mais de 40 expositores para ocupar a Praça Mauá, no Centro do Rio de Janeiro. Atendemos à cerca de 3.000 pessoas em 12 horas de evento com música, palestra e rodas de conversa sem custos para o público. O evento, que aconteceu em 2016, foi estruturado de forma colaborativa por todas as empresas integrantes e produzido sem a contribuição de nenhum patrocinador. Cuidamos de todos os resíduos gerados pela feira, em parceria com cooperativas, e redirecionamos para um tratamento especializado.
No caso dos projetos de parklet, o principal benefício é sempre a ressignificação do espaço urbano. Uma área que normalmente atende a uma média de 40 carros por dia tem o potencial para receber cerca de 400 pedestres. A transformação de vagas de carro em espaços para uso fruto do cidadão é completamente adequada ao novos movimentos de urbanização como o conceito de “acupuntura urbana”.
Quando o quesito é inovação e trabalho colaborativo, quais são os principais desafios para implementar projetos sustentáveis no Brasil?
Hoje o mercado fala muito sobre inovação social e a relação do termo “inovação” com novos processos de desenvolvimento. O trabalho colaborativo é uma das novas formas de produzir e consumir informação. Os principais desafios relacionados a projetos que utilizam esses mecanismos são as ferramentas de gestão. Falta ainda maturidade para as empresas da Nova Economia. Elas precisam qualificar/mensurar o rendimento de seus processos para avaliar os impactos nessa história.
Em outra perspectiva, as empresas que trabalham colaborativamente conseguem compartilhar recursos e economizar energia. Presenciamos muitos projetos que foram realizados apenas pela capacidade das empresas se unirem para atender a uma demanda de mercado. Um bom exemplo disso foi quando a Zebu, o TerraVixta e a MateriaBrasil se uniram para desenvolver os brindes oficiais da Copa do Mundo da Fifa de 2014. Com intuito de cumprir com os requisitos do projeto as equipes foram montadas de acordo com o know-how sem distinção por empresa; a estrutura financeira foi transparente e as responsabilidades compartilhadas.
Qual é a importância de fazer parte do Sistema B para a Zebu e como isso impacta a sua empresa?
Participar do Sistema B é ter a oportunidade de conhecer inúmeros outros casos inspiradores. As empresas direcionam as suas atividades para impactar positivamente o mundo. Desde que nos certificamos, em 2014, conseguimos fortalecer o nosso posicionamento por meio de parcerias institucionais. Redirecionamos muitas das nossas práticas para nos adequarmos às exigências da certificação. Para a Zebu o Sistema B é também uma ferramenta de gestão e mensuração de impacto. Incorporamos as métricas da avaliação de impacto ao nosso planejamento estratégico e utilizamos como diretrizes da empresa. O Sistema B nos ajuda a realizar benchmarking para melhorar as nossas práticas.
Mais informações da Zebu:
@zebumidias
1 comentário em ““Não é necessário abdicar do lucro para implementar projetos socioambientais”, afirma diretor da Zebu”
Exemplos muito Bom de sustentabilidade envolvendo a sociedade projetos dão resultado com interação das pessoas,